Desidades
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Desidades é uma revista eletrônica de divulgação científica na área da infância e juventude. É uma publicação trimestral, avaliada por pares, do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas - NIPIAC, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, comprometida com a divulgação do conhecimento científico além dos muros da universidade. Publica artigos originais, entrevistas e resenhas que se destinem a discutir criticamente, para um público amplo, aspectos da infância e da juventude frente a seu processo de emancipação.
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- ItemA adolescência negligenciada: múltiplos olhares(2021) GARCIA, Joana; FERREIRA, Ana Lúcia; CARDOSO, Marta RezendeNeste artigo, a adolescência é apresentada a partir de múltiplas dimensões que a caracterizam, fundamentada por formulações de distintos, porém complementares, campos disciplinares sobre essa experiência de vida. A proteção do adolescente é considerada uma atribuição coletiva, incluindo, além da autoproteção, um amplo conjunto relacional e institucional com seus recursos diferenciados, necessários e desejáveis para o asseguramento da qualidade de vida. Tendo como foco a negligência, em suas diferentes figuras, a adolescência é explorada em sua dimensão relacional, segundo a perspectiva de três áreas: a Medicina, o Serviço Social e a Psicanálise. O artigo é finalizado com um relato de atendimento produzido pelas autoras inspirado em demandas cotidianas de uma unidade de saúde, envolvendo uma adolescente em situação marcada por formas distintas de negligência, reflexão na qual se evidencia a riqueza de uma análise interdisciplinar acerca das temáticas exploradas.
- ItemA escola como promotora da saúde mental e do bem-estar juvenil: oficinas pedagógicas com adolescentes(2021) KOEHLER, Sonia Maria Ferreira; GONZALES, Nathália Garcia Panacioni; MARPICA, Júlia BarbeitoO presente artigo trata de um relato de experiência sobre um projeto de extensão composto por oficinas de vertente pedagógica e psicológica realizadas com 91 alunos/as matriculados/as no Ensino Médio de uma escola estadual, com idades entre 14 e 17 anos, no ano de 2019. O projeto buscou construir coletivamente recursos fundamentais para a proteção e a promoção da saúde mental e bem-estar dos jovens dentro e fora do ambiente escolar, através da troca de experiências que possibilitaram a participação ativa e o protagonismo dos adolescentes no enfrentamento das adversidades e desafios que atravessam seus cotidianos. A experiência procurou demonstrar a importância da implementação de projetos que viabilizem a expressão e a discussão acerca das realidades e relações que permeiam as vivências das juventudes, bem como promover um diálogo entre educação e saúde que oportunize a reflexão crítica a respeito da construção de um desenvolvimento juvenil integral e plural.
- ItemA importância do movimento na construção dos processos de simbolização do bebê(2022) CERVO, Gisele MilmanO presente artigo disserta sobre a importância da corporeidade do bebê na construção da simbolização e na ampliação da sua vida psíquica. O trabalho está embasado no referencial psicanalítico, em especial nas noções de movimento (Konicheckis, 2015) e de simbolização primária (Roussillon, 2013, 2019). Para ilustrar tal perspectiva teórica, será explanado um fragmento de observação de bebê, realizado a partir do método Esther Bick. Esta observação coloca em cena a relevância das sensações e do movimento para que o bebê se sinta em contato consigo e com o mundo e organize suas experiências psíquicas. Entende-se que um olhar atento a esses processos primários permite ampliar a compreensão sobre a construção de um senso de si, bem como lança luz para a riqueza do que está em formação na primeira infância.
- ItemA influência da iluminação nas emoções de jovens no contexto da pandemia de COVID-19(2021) HYPINER, Juliana Mara Batista; AZEVEDO, Giselle Arteiro NielsenDesde a eclosão do COVID-19 no início de 2020, o isolamento social faz parte do nosso cotidiano. Hábitos foram modificados, fazendo com que passássemos cada vez mais tempo em nossos lares, alternando entre os afazeres da vida pessoal e profissional. O presente estudo contemplou opiniões de jovens entre 21 a 29 anos do curso de Arquitetura e Urbanismo, entre o período de maio a junho e, posteriormente, no dia 20 de setembro de 2020. Através de observação incorporada, registros cotidianos e croquis de campo, os jovens registraram seu cotidiano alterado devido ao regime de quarentena. A pesquisa revelou que as emoções positivas apresentadas estão diretamente relacionadas a lugares com condições de conforto luminoso adequado, incluindo aberturas para o exterior e contato com a natureza. Ambientes com ausência das condições favoráveis relatadas neste estudo, além de influenciarem de modo negativo as emoções, poderão comprometer o senso de identidade desses jovens.
- ItemA notificação compulsória da violência contra crianças e adolescentes e seus desdobramentos via Conselho Tutelar(2021) GARCIA, Joana; SILVA, Vanessa Miranda Gomes da SilvaEste artigo busca considerar o potencial de mobilização da rede a partir do instrumento de notificação compulsória da violência contra crianças e adolescentes, tomando por referência a experiência do município de Curitiba/PR, Brasil. Seus dados são resultantes de uma pesquisa de campo que compreendeu a análise de fichas de notificação, a observação participante em reuniões da rede de proteção local e entrevistas com conselheiros tutelares. Os resultados demonstraram que, em Curitiba, o processo de notificação encontra-se bem consolidado: considera-se que a boa articulação entre o Conselho Tutelar e a rede de proteção contribua para esse processo. No entanto, como todo processo em desenvolvimento, o trabalho enfrenta desafios: um deles é requalificar a identidade do Conselho Tutelar associada ao disciplinamento das famílias.
- ItemAbrir el juego. La juegoteca comunitaria como dispositivo para la formación docente(2022) GARCÍA, Analia Paola García; VISITINI, Marina InésDesde 2013, em uma escola de formação de professores na cidade de Buenos Aires, foi realizado um projeto de biblioteca lúdica, entendida como um dispositivo de formação de professores cujo foco central é proporcionar aos alunos, professores praticantes, educadores comunitários, famílias e crianças diferentes experiências lúdicas que contribuem para a pluralização das concepções de brincadeira, infância, intervenção e participação dos professores. Este dispositivo, realizado por uma equipe de coordenação e 12 professores do Nível Superior de Educação Inicial, foi implementado nas escolas, em ambientes sociocomunitários e em espaços públicos. O objetivo deste trabalho é dar conta desta prática de treinamento, que a partir de uma abordagem lúdica tem gerado não apenas contribuições e transformações nos atores participantes do projeto, mas também perguntas e interpelações sobre a infância, o jogo e possíveis formas de intervenção/participação nesta relação.
- ItemAdolescência e suas marcas: o corpo em questão(2021) TAKEITI, Beatriz Akemi; CARNEIRO, Cristiana; PERES, Simone OuvinhaO presente artigo tem como objetivo refletir sobre a importância da temática do corpo nos estudos sobre adolescência e juventude. Corpo que faz presença na pólis tanto como palco de políticas públicas atuais de cuidado e atenção, como aporte de investimentos futuros. Também corpo expressivo que, através de suas marcas, pode nos falar de um campo simbólico para além de sua dimensão biológica. Por fim, corpo que problematiza a própria delimitação das categorias adolescência e juventude, apontando para a multidimensionalidade de sua compreensão.
- ItemAgravamento das vulnerabilidades infanto-juvenis: uma análise sociopolítica do sofrimento psíquico durante a pandemia de COVID-19(2021) COUTINHO, Luciana Gageiro; SAGESE, Edson Guimarães; CABRAL, Ivone EvangelistaAnálise teórico-reflexiva sobre vulnerabilidades e sofrimento psíquico na infância e adolescência agravados com a pandemia da COVID-19 e ancorada nos pressupostos da saúde coletiva e Psicanálise. O afastamento da escola e a redução do atendimento presencial nas unidades de saúde aumentaram o tempo de convivência intrafamiliar. Paradoxalmente, observa-se um aumento nas vulnerabilidades de crianças e adolescentes, na violência com mortes prematuras e nos índices de sofrimento psíquico. Por meio da noção de desamparo, sugere-se uma possível articulação entre a vulnerabilidade social e a vulnerabilidade psíquica de crianças e de adolescentes. As situações envolvendo o desaparecimento de três meninos de Belford Roxo, Brasil, e a morte do menino Henry Borel são ilustrativas da ausência da proteção dos direitos fundamentais à vida e à dignidade da criança. São reportados também casos de adolescentes vulneráveis à violência autoinfligida que demandam a continuidade do atendimento ambulatorial para assegurar alguma proteção e um lugar de escuta.
- ItemAs crianças e seus mil dias: articulações entre saúde e educação(2021) CUNHA, Antônio José Ledo Alves da; CORSINO, PatriciaEste artigo se propõe a estabelecer um diálogo entre saúde e educação infantil. Toma como ponto de partida questões que dizem respeito aos primeiros mil dias das crianças. A primeira parte trata da origem dos mil dias, apresenta o olhar da saúde sobre esse período, define atenção integral e discute o marco legal da primeira infância, que se propõe a articular políticas intersetoriais. A segunda parte trata da educação como um direito que abarca outros direitos. Discute a qualidade da oferta da Educação Infantil para o desenvolvimento integral das crianças, a não dissociação entre cuidar e educar, traz questões para discutir o desenvolvimento das crianças nos primeiros anos de vida e a docência na Educação Infantil. Na terceira parte conclui com indagações para as políticas voltadas para a primeira infância, com ênfase nos primeiros mil dias, as quais são essenciais para o pleno desenvolvimento das crianças, para o aprimoramento das sociedades e diminuição de desigualdades. Políticas que devem integrar várias áreas do conhecimento, sendo essencial a integração entre a área da saúde e da educação.
- ItemAtravessar fronteiras e transpor barreiras: desafios e deslocamentos de crianças e adolescentes venezuelanos em Roraima – Brasil(2021) OLIVEIRA, Janaina VoltoliniA realidade complexa e multifacetada das migrações internacionais revela enormes desafios que impactam diretamente a vida das crianças e dos adolescentes, especialmente os mais vulneráveis, e exigem, dos poderes constituídos e da sociedade civil, respostas urgentes frente às inúmeras violações de direitos humanos pelas quais passam essas populações. Nesse sentido, este estudo discute as circunstâncias dos deslocamentos forçados e o atendimento, especialmente nas políticas de saúde, educação e assistência social (acolhimento) às crianças e adolescentes venezuelanas que residem no Brasil, especificamente no estado de Roraima. Trata-se de pesquisa de natureza empírica, apoiada em documentos públicos de agências governamentais e não-governamentais, além de leitura, catalogação e arquivo de notícias de jornais locais, regionais e nacionais sobre o tema. Para além de muitos avanços alcançados em relação à garantia da proteção integral de crianças e adolescentes, há ainda um longo caminho a ser percorrido.
- ItemAvaliação de reincidência de ofensa sexual cometida por adolescentes de 16-18 anos(2021) SILVA, Ana Clara Gomes da Silva; FERNNDEZ, Larissa Martins de Mello; SOUSA, Ranieli Carvalho Gomes de; PEREIRA, Vanessa de Moura; TAVARES, Andrea Schettino; COSTA, Liana FortunatoaEste texto refere-se a uma pesquisa exploratória realizada com adolescentes na faixa etária de 16 a 18 anos que cometeram ofensa sexual atendidos em um programa de assistência a famílias em situação de violência. O objetivo é investigar o risco de reincidência sexual desses participantes por meio do instrumento ERASOR 2.0 (versão portuguesa). Trata-se de pesquisa documental, com informações colhidas dos prontuários de 12 adolescentes no ano de 2020, durante o período da pandemia da COVID-19. O instrumento é um checklist de 25 fatores que avaliam os riscos em cinco categorias: interesses, atitudes e comportamentos sexuais; histórico de agressões sexuais; funcionamento psicossocial; contexto familiar e tratamento. O atendimento psicossocial a esses indivíduos em final da adolescência pode evitar processar e criminalizar essa faixa etária, prevenindo que os futuros jovens adultos sejam julgados pelo sistema criminal caso venham a reincidir a ofensa sexual.
- ItemBebês em risco? Considerações sobre o discurso de detecção precoce no campo da saúde mental(2022) SILVA, Jaqueline Cristina; MORAES, Bárbara Adele de; SILVA, Kelly Cristina Brandão daEste artigo representa uma parte das descobertas da minha pesquisa de doutorado acerca da relação entre gravidez e consumo. O que apresento aqui tem por objetivo discutir o imperativo da visibilidade como condição de existência na contemporaneidade. Em junção com o imperativo da performance e da lógica empreendedora que atravessa a nossa existência, presenciamos o que chamei de gravidez-ostentação. Uma nova forma de gestar, de ser e estar no mundo, que se reflete na vida dos bebês desde a sua vida intrauterina. Nesse contexto, as gestações imbricadas pelo consumo fazem com que os bebês nasçam mesmo antes de seus partos. Os bebês existem como imagens, mediados também por objetos e midiatizados em suas vidas intrauterinas. Às gestantes caberia cuidar do projeto de uma nova vida, empreendendo todos os esforços para que os resultados sejam bem-sucedidos, como preconiza a pedagogia contemporânea da gravidez.
- ItemBebês “ocupantes” de pesquisas e cidades: reflexões sobre o direito à moradia e cuidado na cidade de São Paulo(2022) PITO, Juliana Diamente PitoEste artigo, recorte de uma pesquisa de doutorado, em andamento, na área de Educação, tem por objetivo conhecer os cotidianos de bebês em uma ocupação localizada no chamado centro da cidade de São Paulo, Brasil. Este texto, em especial, parte da ideia de bebês como “ocupantes” e apresenta breve revisão de literatura, com vistas a identificar o lugar que os mesmos ocupam nas pesquisas, em diferentes áreas de conhecimento, além de realizar considerações sobre o lugar que ocupam na cidade. O trajeto diário de uma bebê – moradora de uma ocupação do centro de São Paulo – até a creche é tomado como mote para reflexão sobre direito à cidade e à moradia, bem como ao cuidado e às distintas formas de viver a infância, buscando aproximar estudos de bebês e estudos urbanos. O presente artigo ainda aponta para importância de pesquisas que, ao considerarem os bebês como sujeitos relacionais, considerem as relações mais amplas e estruturais que envolvem suas vidas.
- ItemBelo Horizonte, uma cidade educadora(?): uma análise das ações e políticas públicas voltadas para a infância(2021) COELHO, Luciano Silveira; CAMPOS, Túlio; RIBEIRO, Sheylazarth Presciliana; CRUZ, Éder Fernando SouzaEste trabalho buscou refletir sobre a presença do Município de Belo Horizonte, Brasil, na Associação Internacional das Cidades Educadoras. Para tanto, foi feita uma revisão bibliográfica sobre a temática em questão e uma análise documental com o intuito de identificar e analisar ações do Poder Público e da sociedade civil na promoção da inserção da criança nos espaços públicos da cidade. Verificou-se que as ações realizadas pelo Município, em especial o Programa Escola Integrada, trouxe avanços, mas ainda não garantiu uma efetiva apropriação dos espaços públicos na promoção de uma cidadania infantil. Dessa forma, conclui-se que Belo Horizonte se encontra em processo de constituição como cidade educadora, mas é preciso ir muito além do que está posto na direção de um compromisso com a ética pública.
- ItemBrincar com (a) propriedade: crianças em movimentos de ocupação(2022) OLIVEIRA, Raissa Menezes de Oliveira; BORGES, AntonádiaEste artigo traz reflexões de crianças que, junto com adultos, atuam em movimentos de luta por outro modo de viver e de morar em um território conhecido como Mercado Sul VIVE, em Taguatinga, no Distrito Federal, Brasil. A partir de um trabalho etnográfico acerca de suas brincadeiras, procura-se explorar as potencialidades de suas reflexões e de suas intervenções em um mundo no qual a propriedade privada não ameace a vida e suas potencialidades. Intenta-se demonstrar a constituição lúdica de sua formação política e o poder transformador da brincadeira diante de violentas experiências de segregação espacial e punição estatal.
- ItemBullying e associação de comportamentos de risco entre adolescentes da Região Norte: um estudo a partir da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2015(2021) SANTOS, Renata Ferreira dos; VERLY JUNIOR, EliseuObjetivou-se identificar a prevalência do bullying e a associação de comportamentos de risco entre adolescentes da Região Norte a partir dos resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, realizada em 2015. Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa com 23.777 adolescentes matriculados em escolas públicas e privadas da região Norte. Utilizou-se a regressão multinomial e análise do modelo estereótipo para verificar a associação das variáveis, o nível de significância adotada foi 5%. Observou-se que a prevalência de adolescentes vitimados pelo bullying verbal foi de 4,3%; a de perpetradores foi de 15,9% e aqueles que eram vítimas e perpetradores do bullying, 2,0%. Os adolescentes perpetradores de bullying apresentaram três vezes maior chance de adotarem três (OR=3,22; IC95% 1,35–7,69) e quatro vezes maior chance de adotarem quatro (OR=4,04; IC95% 1,69–9,66) comportamentos de risco simultâneos. Conclui-se que os adolescentes da região norte que perpetraram o bullying assumiram mais comportamentos de risco à saúde.
- ItemCelulares, perfis e a dimensão online da existência: uma etnografia sobre as experiências sexuais de jovens de uma escola pública do Recife(2022) QUEIROZ, Tacinara Nogueira de Queiroz; RIOS, Luís FelipeO artigo reflete sobre as experiências sexuais de jovens de uma escola do Recife (PE), considerando a agência das novas tecnologias da informação e comunicação. É um ensaio etnográfico realizado por meio de observação participante na escola, nas redes sociais na internet e através de rodas de conversa. O smartphone e as redes sociais online são importantes agentes na construção de significados e práticas sexuais. Seguidores/as, crushes, namorados/as, ficantes e assediadores são personagens de roteiros eróticos que povoam interações afetivo-sexuais nos perfis do Facebook e Instagram. Os perfis são expressões online do si mesmo e são produzidos cuidadosamente, de modo a receber curtidas e comentários, expressões de que se é desejado/a. Curtidas, conversas e afinidades são elementos importantes para a emergência do sexo a distância online, que vai ocorrer no privado das redes, em especial no Messenger e no WhatsApp.
- ItemCircuitos e circulação de crianças e adolescentes no centro de São Paulo: as políticas de saúde entre cuidado e controle(2021) MENDES, Gabriel Rocha Teixeira; VICENTIN, Maria CristinaEste artigo discute, a partir dos modos de circulação de crianças e adolescentes em “situação de rua” no centro de São Paulo, os seus encontros e desencontros com as políticas públicas. O artigo se apoia em pesquisa de mestrado que teve como metodologia a cartografia, tendo acompanhado, com a equipe de um serviço de saúde mental, em 2018, dois grupos de crianças nos bairros da Luz e da Praça da Sé. Os acompanhamentos foram registrados na forma de diários de campo e trabalhados como narrativas. Procurou-se analisar os usos que são feitos dos serviços pelas crianças, o que acaba por engendrar um circuito institucional específico. Em direção contrária à ideia propagada pelos operadores estatais de que meninos e meninas em tais condições não “aderem” às políticas, considera-se que eles não apenas forjam usos inauditos de políticas sociais, mas também seus modos de vida conservam singularidades que despontam como desafios às políticas públicas.
- Item“Como é bom brincar, cafuringar”: transmissão intergeracional e apropriação do território pelas crianças quilombolas(2022) PÉREZ, Beatriz Corsino; SOUZA, Estefani Peixinho deOs quilombos são territórios étnico-raciais marcados pelas histórias de luta contra as opressões e de resistência da população negra. No artigo, discutimos como a brincadeira compõe parte do que é ser quilombola, os processos de apropriação do território e das desigualdades sociais e raciais as quais crianças e jovens estão submetidos. Realizamos uma pesquisa-intervenção, entre 2017 e 2020, na comunidade de Cafuringa, em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, Brasil. Fizemos oficinas com 30 crianças e jovens e 8 entrevistas semiestruturadas com adultos, além da observação do brincar livre. Entendemos a brincadeira como uma forma de produção de cultura e de criação de uma solidariedade entre pares. Observamos que as crianças aprendem entre si e com os adultos a produzir brinquedos artesanais e significam a sua realidade social pelas brincadeiras. Sendo assim, o brincar faz parte do processo de apropriação do território e de construção de suas identidades negra e quilombola.
- ItemContribuciones desde los movimientos de niños, niñas y adolescentes trabajadores a la discusión en torno al trabajo infantil(2021) KATTAN, Natalia SepúlvedaO trabalho infantil é um aspecto controverso nas sociedades modernas, mas não totalmente visível. Neste artigo, revelamos duas posições concorrentes neste debate, revisando 1) a noção de trabalho infantil e suas implicações no desenvolvimento da política abolicionista, 2) a perspectiva dos movimentos de crianças e adolescentes trabalhadores sob o foco da avaliação crítica de trabalho e a reivindicação por trabalho decente; e 3) uma síntese de quatro argumentos com os quais a posição reivindicadora responde à concepção de trabalho infantil: a relação exploração / trabalho; a relação trabalho / crime; a relação trabalho / escola; a interpretação do direito ao trabalho e à participação. Conclui-se que o debate em torno do trabalho infantil requer a participação das crianças trabalhadoras para um melhor desenvolvimento conceitual do fenômeno, cuja discussão vai além do fato de meninos e meninas trabalharem.