O caráter performativo das ocupações estudantis

Carregando...
Imagem de Miniatura
Tipo
Artigo
Classficação
Nível teórico
Data
2021
Título do Períodico
Educação (UFSM)
ISSN
1984-6444
Página(s)/e-location
1-28
Idioma(s)
pt
Fonte
Fonte
Santa Maria, RS
46
29
jan./dez.
Resumo
O artigo analisa as ocupações secundaristas que ocorreram no ano de 2015 no estado de São Paulo, como reação à proposta de reorganização escolar que previa o fechamento de 94 escolas e a transferência compulsória de 311 mil alunos e 74 mil professores. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e uma análise teórica das ocupações destacando sua dimensão performativa. Esta chave de análise é sustentada a partir de autores como Ernesto Laclau, Chantal Mouffe e Judith Butler, que enfatizam o caráter relacional e contingente das identidades, e a importância do corpo na gramática atual dos conflitos sociais. As conclusões indicam que as ocupações dos secundaristas foram atos performativos em três dimensões: na emergência dos sujeitos (a identidade secundarista que emergiu com a ocupação); no modo de apresentar algumas demandas educacionais (a produção de novas práticas escolares que materializavam as mudanças desejadas); na inversão do assujeitamento administrativo pela criação de outro “corpo estudantil” visível, vibrante e atuante. As ocupações extravasaram os canais tradicionais e consagrados de reivindicação previstos pela democracia representativa, tornando-se um movimento disruptivo, com forte teor transgressivo dos poderes instituídos e que, por isso, desencadearam forte repressão por parte do Estado. Ao mesmo tempo, foram espaços de produção de novas formas de educação e de uma vida escolar com mais liberdade, autonomia e sentido, corporificando críticas que os jovens vêm fazendo há muitos anos a respeito das políticas públicas e dos modelos de escolarização que lhes são oferecidos.

The article analyzes the high school student occupations of schools that occurred in 2015 in the state of São Paulo, as a reaction to the school reorganization proposal that aimed to close 94 schools and the compulsory transfer of 311 thousand students and 74 thousand teachers. A bibliographic research and a theoretical analysis of the occupations was carried out, highlighting their performative dimension.. This key of analysis is supported by authors such as Ernesto Laclau, Chantal Mouffe and Judith Butler, who emphasize the relational and contingent character of identities, and the importance of the body in the current grammar of social conflicts. The conclusions indicate that the school occupation movement was a performative act in three dimensions: in the emergence of the subjects (the high school student identity that emerged with the occupation); in the way of presenting some educational demands (the production of new scholar practices that materialized the desired changes); in the inversion of administrative subjection by the creation of another visible, vibrant and active “student body”. The occupation movement went beyond the traditional and established channels of demand foreseen by representative democracy, becoming a disruptive movement, with a strong transgressive content in relation to the instituted powers and, therefore, triggered strong repression by the State. At the same time, they configured spaces for the production of new forms of education and school life with more freedom, autonomy and meaning, embodying criticisms that young people have been making for many years regarding public policies and the models of schooling that are offered to them.
Descrição
Palavras-chave
Ocupações, Movimento estudantil, Performance, Occupations, Student movement, Performance
Citação
CORTI, Ana Paula; CROCHIK, Leonardo. O caráter performativo das ocupações estudantis. Educação (UFSM), Santa Maria, RS, v. 46, n. 29, p. 1-28, jan/dez. 2021. https://doi.org/10.5902/1984644442474. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/42474. Acesso em: 2022-07-20