Redação na escola: o que os professores dizem e silenciam sobre essa prática

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Tipo
Artigos
Classficação
Nível teórico
Data
2017
ORCID
Título do Períodico
DOXA: Revista Brasileira de Psicologia e Educação
ISSN
2594-8385
Página(s)/e-location
240-257
Idioma(s)
pt
Fonte
Fonte
Araraquara
19
2
jul./dez.
Resumo
A preocupação com a escrita na escola, em especial com a prática de redação produzida por estudantes do ensino fundamental, instigou-nos à realização de ampla pesquisa, onde se investigou como os professores desse nível de ensino imaginam e discursivizam os alunos, nesse processo. O corpus foi constituído por depoimentos escritos de cerca de trinta professores do ensino fundamental, que ministram aulas em escolas públicas brasileiras. A partir desse vasto campo discursivo, realizamos alguns recortes. Sequências discursivas de referência foram por nós selecionadas, a partir dos recortes. Fundamentados na Análise de Discurso de Matriz Francesa, na Teoria Sócio-Histórica do Letramento, na Psicanálise freudo-lacaniana e nas Ciências da Educação, realizamos análises discursivas, cujos resultados indicam que: a) os professores concentram-se mais no que imaginam serem faltas e lacunas de saberes dos estudantes e menos em seus saberes escolares ou não acumulados; b) os professores não se entendem como profissionais capazes de lidar com o que pressupõem serem dificuldades dos alunos em relação à produção escrita; c) o discurso da oralidade de alguns alunos não é reconhecido nem valorizado pelos professores; d) eles imaginam que alguns alunos se encontram em nível zero de alfabetização e letramento, quando chegam à escola básica. A inscrição em formações discursivas que possibilitassem aos professores imaginarem os alunos como sujeitos que chegam à escola com algum nível de alfabetização e letramento poderia ajudá-los a desenvolver práticas pedagógicas escolares que considerassem a memória discursiva, memória de sentidos dos alunos, o que os levaria a se identificarem com sentidos aos quais se filiam. Entendemos ser urgente que o discurso narrativo seja incorporado aos conteúdos e práticas pedagógicas do ensino fundamental, pois, dentre outras possibilidades, esse discurso possibilita ao aluno manifestar sua subjetividade, condição fundamental para que possa produzir sentidos, ocupar o lugar de intérprete-historicizado e colocar-se como autor de seu próprio dizer. Entendemos que os cursos de formação inicial têm importante papel, no que se refere à oferta de experiências de escrita para os que estão em processo de aprendizagem da docência. Defendemos que o domínio dos saberes relacionados à escrita diferencia os alunos, assegurando-lhes participações mais amplas em práticas sociais.

The concern with writing at elementary school instigated us to carry out a large study to investigate elementary school teachers’ discourse about their students related to composition writing, that is, how teachers imagine their students’ writing processes. Our corpusis selected from an ample field of discourse. Discursive sequences of reference were selected from cut-outs from written statements by approximately thirty elementary school teachers from Brazilian public schools. This investigation adopts the perspective of French Discourse Analysis, the Socio-Historical Theory of Literacy, Freud and Lacan’s Psychoanalysis and in the Science of Education. Our results show that: a) teachers focus more on what they imagine to be students’ flaws and gaps of knowledge, and less on students’ cumulated knowledge; b) teachers do not see themselves as professionals capable of dealing with what they presumeto be students’ difficulties related to writing; c) some students’ oral discourse is not acknowledged nor valued by teachers; d) teachers imagine some students to be at level zero of literacy as they start their schooling. We believe there can be a teachers’ subscription into a discursive formation which allowed them to imagine their students as subjects who start school with some literacy background. With that in mind, teachers might develop a teaching practice considering discursive memory, students’ memories and their meanings, leading them to identify with their original meanings. We see it as urgent that narrative discourse is incorporated to teaching practices and contents in elementary schools. Among other possibilities, the narrative discourse allows students to express their subjectivity. That is a fundamental condition to make sense of their own discourse, from the perspective of historicized-interpreter, and to become authors of their own speech. We believe that pre-service courses for teachers have an important role in offering writing experience for those learning to teach. We advocate the mastering of knowledge related to writing encourages differentiation among students, assuring them greater participation in social practices.

La preocupación por la escritura en la escuela, especialmente con la práctica de la escritura producida por los estudiantes de primaria, nos impulsó a realizar una amplia investigación, que indagó cómo los docentes de este nivel educativo imaginan y discuten sobre los estudiantes en este proceso. El corpus consistió en testimonios escritos de una treintena de maestros de escuela primaria, que enseñan en escuelas públicas brasileñas. Desde este vasto campo discursivo, hicimos algunos recortes. Las secuencias discursivas de referencia fueron seleccionadas por nosotros de los recortes. Con base en el Análisis del Discurso Francés, la Teoría de la Alfabetización Sociohistórica, el Psicoanálisis Freudolacaniano y las Ciencias de la Educación, realizamos un análisis discursivo, cuyos resultados indican que: a) los docentes se enfocan más en lo que imaginan como fallas y brechas en el conocimiento de los estudiantes y menos en sus conocimientos académicos o no acumulados; b) los docentes no se comprenden a sí mismos como profesionales capaces de afrontar lo que suponen son las dificultades de los estudiantes en relación con la producción escrita; c) el discurso oral de algunos estudiantes no es reconocido ni valorado por los profesores; d) imaginan que algunos estudiantes se encuentran en niveles de alfabetización y alfabetización cero cuando llegan a la escuela primaria. Inscribirse en formaciones discursivas que permitan a los docentes imaginar a los estudiantes como sujetos que llegan a la escuela con algún nivel de alfabetización y alfabetización podría ayudarlos a desarrollar prácticas pedagógicas escolares que consideren la memoria discursiva, memoria de los significados de los estudiantes, lo que los llevaría a identificarse con los sentidos a los que están afiliados. Creemos que es urgente que el discurso narrativo se incorpore a los contenidos y prácticas pedagógicas de la escuela primaria, pues, entre otras posibilidades, este discurso permite al alumno expresar su subjetividad, condición fundamental para que produzca significados, ocupe el lugar. de intérprete historizado y colocarse a sí mismo como el autor de su propio dicho. Entendemos que los cursos de formación inicial tienen un papel importante en cuanto a ofrecer experiencias de escritura para quienes están en proceso de aprender a enseñar. Argumentamos que el dominio de los conocimientos relacionados con la escritura diferencia a los estudiantes, asegurándoles una participación más amplia en las prácticas sociales.
Descrição
Palavras-chave
Redação, Escrita, Alunos, Professores, Composition, Writing, Students, Teachers, Escritura, Escritura, Estudiantes, Profesores
Citação
ASSOLINI, Filomena Elaine P.. Redação na escola: o que os professores dizem e silenciam sobre essa prática. DOXA: Revista Brasileira de Psicologia e Educação, Araraquara, v. 19, n. 2, p. 240-257, jul/dez. 2017. https://doi.org/10.30715/rbpe.v19.n2.2017.10914. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/10914. Acesso em: 2021-09-08